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A pressão em se ser forte

Acho que todo sabemos o que é ser forte até não dar mais. Acho que todos sabemos que há uma pressão mascarada de "apoio" para que continuemos a lutar, a ser fortes. E algo que todos sabemos, de igual modo e, ao mesmo, tempo evitamos falar, é dessa mesma pressão. O que seria de nós sem ela? E se nos fosse permitido quebrar? Chorar? Ter a audácia de fraquejar?

Recentemente voltei a adotar o hábito de journaling que nada mais é do que escrever sobre nós, para nós ou sobre temas que nos farão estar ligados ao que sentimos e ajudar-nos-á a analisar tudo com mais clareza - quase como se fosse um diário. Lembro-me que há poucos dias escrevi sobre o que queria que as pessoas soubessem sobre mim e vou expor parte do que escrevi nesse dia, parte do que me fez querer escrever sobre este tema aqui.


"Sou humana e, com isso, sou - obrigatoriamente - fraca. Sinto uma pressão enorme para e sobre ser forte todos os dias, a toda a hora. Tudo o que já ultrapassei faz as pessoas pensarem que sou forte o suficiente para "apenas mais uma batalha" quando na verdade só quero um minuto sem a pressão de que devo ser forte, para conseguir chorar. Ser fraca. Ser humana."


Algo que não consigo perceber ou até explicar é o facto de que todos somos humanos, todos sentimos esta pressão terrível e mesmo assim ela continua. Estamos todos exaustos de tentar dar a entender que temos tudo bem resolvido quando, na verdade, não poderia estar mais confuso. Todos precisamos de ajuda. No entanto, todos somos demasiado rígidos. Para nós e para os outros.

Gostava seriamente de saber como seria se, realmente, fosse normalizado o ser-se fraco. O recair. O ser humano que, no final do dia, é o que somos suposto ser. Mas de que adianta lutarmos por tudo que é de humano e que a humanidade deve valorizar quando não temos um minuto de paz? Quando não conseguimos parar, bater pé, pedir ajuda. Nem que seja para quebrar e saber que teremos alguém por perto caso fique demasiado sombrio. Porque uma coisa é permitires quebrar-te - algo que na minha opinião é necessário - e outra é entrares num ciclo doentio de depressão.

E daí, porque é que quebramos quando estamos sozinhos e pretendemos que está tudo bem quando acompanhados? Não seria mais fácil quebrar quando estamos acompanhados e talvez, quem sabe, depois nem precisar de fingir toda uma força não existente?


Ainda assim, todos passando por isto - uns mais que outros - continuamos com este ciclo e pensamento doentio de que somos fortes, somos rijos, somos feitos de pedra. Somos humanos em tudo, mas e em sentimentos? Viramos de aço, nada nos corta, nada nos atinge! Porque é que ainda associamos muito o ato de quebrar em frente a alguém, o ato de mostrarmos o nosso lado frágil ao de se ser humilhado? Porque associamos fraqueza a humilhação? De onde vem isso sendo que, no final do dia, somos todos iguais?


Estas são apenas algumas das questões que tenho sobre este tema. Dou por mim a pensar nisto muito frequentemente. Desde cedo ouço as palavras que se resumem no ser forte, que não há necessidade para chorar, que conseguimos ultrapassar seja o que for. Acho que todos crescemos a ouvir o mesmo, as situações serão sempre diferentes mas as palavras serão sempre iguais.

Lembro-me de ser pequena e ver uma frase que se poderia resumir no facto de que as pessoas têm muitas expectativas em quem acham que é forte e que, por já terem vivido e ultrapassado determinados problemas, lhes será sempre expectado ultrapassar todos os outros que lhe possam aparecer e nunca imaginar essa pessoa a fracassar porque, afinal "já passou por pior". Hoje, enquanto escrevo isto e abordo este tema, com 22 anos, lembro-me dessa frase e acho que enquanto toda esta pressão do ser-se forte existir, ela nunca deixará de fazer sentido. Pelo menos para mim - que sou humana, sou forte e sou fraca.



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