As Coisas Que Faltam; Rita da Nova
Este é capaz de ter sido um dos livros que eu mais antecipei que saísse. Acompanhei o processo que a Rita partilhava no seu instagram com o maior orgulho e entusiasmo porque sabia que vinha algo bom. Hoje trago-vos a review de "As Coisas Que Faltam", o primeiro romance da Rita da Nova.
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Esta história dá-nos a conhecer a Ana Luís e, conforme a narrativa avança, todas as relações instáveis que ela tem na sua vida.
Antes sequer de começarmos o livro sabemos que a sua mãe terá sido a sua primeira má relação. Quer dizer, nem sei se aquilo pode ser considerado relação de tão instável que é. Como é que vos posso explicar? Por norma uma relação é dividida entre duas pessoas e tem-se sempre em mente o que é melhor para as duas pessoas. Aqui é completamente diferente. Inicialmente esta relação funciona a 100% do que a mãe da Ana Luís quer.
Devido à sua relação com a mãe não ser o que ela vê a acontecer com as amigas, ela sente que a figura paterna que lhe falta é que lhe poderá dar esse lado carinhoso e, consequentemente, a relação familiar saudável que ela tanto deseja. Ana Luís começa, então, a sua procura pelo pai.
Sinopse
"Quando tinha oito anos, Ana Luís pediu pela primeira vez para conhecer o pai. Era muito comum a mãe dizer-lhe que não a tudo - não, não podia ir para casa das colegas porque tinha de estudar; não, não podia comer gelados porque eram só gelo e açúcar. De todas as respostas negativas que estava habituada a receber, porém, aquela foi a que doeu mais.
Ana Luís cresce a sentir que lhe falta algo e que não pertence a lado nenhum. A convivência com a mãe, uma mulher fria e dominadora, aprisiona-a num lugar solitário.
É na figura do pai que deposita todas as suas esperanças: ele é a peça do puzzle que falta e, quando o conhecer, a sua vida vai finalmente fazer sentido e sentir-se-á completa.
As Coisas que Faltam, o tão aguardado romance de estreia de Rita da Nova, traz-nos a história de uma mulher à procura do seu lugar no mundo.
Numa trama de densidade emocional crescente, a autora explora com destreza a complexidade da identidade humana, a importância do círculo familiar e as histórias que se repetem, às vezes de geração em geração."
Opinião e avaliação
Sabem aquela expressão de "pior que isto não pode ficar"? A Ana Luís veio para nos mostrar que sim, pode ficar pior. E porque é que eu digo isto? Acho que em todos os livros que já li nunca vi uma protagonista a fazer escolhas tão más no que diz respeito a aspetos tão importantes da sua vida e até nas próprias relações. Acho que isso foi o que o fez dela tão "real". Não foi mais uma história em que acontece algo mau no início, no desenvolvimento procura-se respostas e maneira de se tentar acertar onde se errou e, por fim, um final feliz. Isto não acontece com "As Coisas Que Faltam" e, por isso, é que acho que é tão fácil alguém se ver em alguma parte da história.
Apesar de não ter um final feliz, eu consegui ver uma beleza diferente no seu fim. O que eu imagino quando penso em toda a história é o ciclo da vida. Uma analogia estranha, mas ao pensar no início que o livro teve e a forma como tudo se desenvolveu, consigo ver a evolução. É como se fosse um ciclo fechado de forma quase perfeita. Todas as perguntas que vocês têm ao longo do livro vão sendo respondidas.
No que diz respeito à avaliação, acabei por atribuir as 4 estrelas (que na verdade são 4,25 ou 4,5). Acho que o livro esteve perto de ter como avaliação as 5 estrelas mas não teve aquele clique que os livros de 5 estrelas te dão. Por fim, é um livro que eu facilmente me via a recomendar a toda a gente - principalmente se eu souber que se conseguem ver na pele da Ana Luís.
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